Texto do pesquisador Fernando Ribeiro
O santista mais novo certamente tem muitas lembranças do atacante Kléber Pereira: uns boas recordações, outros nem tanto. O jogador fazia muitos gols, mas perdia diversas chances durante os jogos, o que irritava parte da torcida alvinegra. Kléber dividiu opiniões de quem o acompanhou vestindo o manto do Peixe. Para uns, foi um matador implacável. Para outros, disperso e caneleiro. Claro, estamos na primeira parte!
Kléber João Boas Pereira nasceu em Peri Mirim, no Maranhão, em 13 de agosto de 1975. Iniciou no futebol jogando na base do Cruzeiro, de São Luís, mas tornou-se profissional pelo Moto Club. Teve uma discreta passagem pelo futebol suíço, no Sion, onde ficou apenas uma temporada. Retornou ao Maranhão, mas o regresso ao futebol europeu foi tentado novamente no ano seguinte. Na ânsia de ter mais chances no velho continente, Kléber adulterou seus documentos para sair do Brasil três anos mais novo. Com o nome falso de Klebernilson, o jogador teve a farsa descoberta quando tentava embarcar para Paris, em maio de 1998.
A sorte na carreira do atacante começou a mudar em 1999. Chegou ao Atlético Paranaense e desandou a fazer gols. No primeiro ano, foram 18. Em 2001, veio a consagração. Junto a Alex Mineiro, compôs uma bela dupla de ataque que levou o Furacão ao inédito título do Campeonato Brasileiro. Naquele ano, Kléber marcou 50 gols e ganhou a Chuteira de Ouro da revista Placar como o maior artilheiro do país. O sucesso levou-o ao México, onde atuou por diversas equipes: Nexaca, América, Tigres e Veracruz.
Em junho de 2007, Kléber esteve muito perto de assinar com o Palmeiras, mas o Santos foi mais esperto e conseguiu garantir a contratação do centroavante. O técnico Vanderlei Luxemburgo foi fundamental para convencer Kléber a vir ao Peixe. Com a presença do lateral esquerdo Kléber no elenco, o atacante virou Kléber Pereira. A estreia pelo alvinegro foi em 19 de julho, no empate em 2×2 diante do Palmeiras, pelo Brasileirão. Na rodada seguinte, atuou como titular pela primeira vez e não decepcionou: marcou dois gols na vitória santista frente ao Figueirense, em Vila Belmiro, por 3×1. Naquele ano, foram 15 gols em 36 jogos, de acordo com números do Almanaque do Santos, de autoria de Guilherme Nascimento.
Em 2008, Kléber Pereira foi decisivo em diversos momentos da temporada. Seus gols conduziram o Peixe até as quartas de final da Copa Libertadores e garantiram a permanência na primeira divisão do Brasileirão. A confusa e irregular campanha do Santos no certame nacional quase acabou em tragédia, mas os 21 gols de Kléber ajudaram a equipe a escapar do rebaixamento. Terminou como artilheiro do Brasileirão, com 21 gols – junto a Keirrison e Washington. Foram 40 gols no ano, em 61 partidas.
No último ano do matador em Vila Belmiro, marcou 30 gols em 56 partidas. Foi decisivo no Paulistão, mas o Santos perdeu a final para o Corinthians. Kléber marcou três gols diante da Ponte Preta, na partida que selou a sofrida classificação para as semifinais. Nas semis, marcou um gol em cada jogo e o Peixe eliminou o Palmeiras com duas vitórias.
O alto salário do atacante fez com que deixasse o clube ao final de 2009. Não teve oportunidade de participar do mágico time de 2010, quando Neymar e Paulo Henrique Ganso explodiram para o futebol. Mesmo contestado, possui ótimos números com a camisa alvinegra: foram 85 gols em 153 jogos. Kléber Pereira é o sétimo jogador que mais marcou gols pelo Santos após a Era Pelé.
Boa matéria, só ficaria ainda melhor, na minha opinião, com um pequeno resumo da carreira pós-Santos e atual aposentadoria.