Ele chegou na Vila Belmiro em 1989 com a difícil missão de substituir Rodolfo Rodrigues, ídolo eterno do Santos, e no primeiro jogo com a camisa santista já pegou dois pênaltis. Com atuações seguras, muito carisma e uma personalidade forte, rapidamente Sérgio conquistou a torcida e virou uma lenda da Vila Belmiro, com mais de 240 partidas pelo Peixe.
“Tenho orgulho de ter jogado no Santos. Faltou um título, mas a torcida nunca deixou de me reconhecer pelo que joguei. Até hoje torcedores me param para pedir foto. Tem muito pai que chama o filho e fala quem eu fui. O carinho da torcida comigo é enorme e o meu pelo clube também”, diz o ex-goleiro, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO.
Sérgio desembarcou na Vila por indicação do treinador Nicanor de Carvalho, que o dirigiu na Ponte Preta e pediu a sua contratação quando chegou ao Santos. No time do interior, ele havia substituído o goleiro Carlos, que disputou
três Copas do Mundo (78-82-86), então a responsabilidade de ocupar a vaga de Rodolfo no Peixe ele já sabia como enfrentar.
O goleiro tornou-se um dos líderes daquela geração, mas enfrentou um período de vacas magras, sem títulos. Mas Sérgio tem a resposta na ponta da língua para explicar a escassez das conquistas.
“Nosso time era bom, estávamos sempre chegando perto, mas faltava algo sim. Faltava estrutura ao clube e investimentos em reforços se comparado ao elenco dos concorrentes. Mesmo assim éramos um time quase que imbatível na Vila. Acho que em toda minha história não perdi 5 jogos atuando lá, mas quando vinham as decisões sempre saíamos para jogar em São Paulo. Era a polícia vetando por falta de segurança ou o clube atrás de melhores rendas. Veja só, você acredita que não fiz um clássico contra o Corinthians na Vila?”
Por ter um temperamento forte e ser líder do time que Sérgio acabou deixando a Vila em 1993, quatro anos após a sua estreia. O desgaste com a diretoria da época pesou. Mas antes de deixar o clube, Sérgio participou de um marco na história do Peixe: a preparação do goleiro Edinho como profissional.
O filho do Rei Pelé chegou ao Santos no início dos anos 90 depois de morar muitos anos nos Estados Unidos, onde passou a infância e juventude. O sonho de ser goleiro vinha com o peso de ser filho de quem é: simplesmente o maior jogador de todos os tempos. Além disso, o temperamento forte e o assédio da imprensa ao goleiro eram outros adversários que precisavam ser driblados por Edinho, que teve Sérgio como um pai no dia a dia da Vila Belmiro.
“Lembro que logo quando Edinho chegou, Pelé me chamou de canto e pediu para eu cuidar dele. Aí ele chamou o Edinho e disse na minha frente: se precisar bater nele pode bater Sergião, você é o responsável por ele aqui. Pelé sempre me procurava para perguntar do filho. Com temperamento forte, Edinho era um pouco marrento e o preparador de goleiros da época não queria treinar com ele. Lembro que era eu quem o treinava. Ficávamos horas treinando. Além disso, eu sempre pedi para tentar esconder os treinos, pois a imprensa queria ver tudo dele e era difícil. Mas ele era um ótimo garoto, é difícil ser quem ele é, mas foi um grande goleiro”.
Após deixar a Vila e perambular pelo futebol nacional, Sérgião, como é chamado por muitos, regressou ao Peixe em 1996, mas desta vez ficou apenas seis meses. Na carreira, encerrada em 2003, foram 20 anos como atleta profissional atuando em 14 clubes diferentes. Mas foi no Peixe que marcou a história.
“Você deve saber que na Vila tem camarotes com nomes de goleiros que fizeram história no Santos e um deles tem o meu nome, né? É uma grande homenagem. Fico muito feliz com esse carinho que o clube tem por mim. Sou muito reconhecido pelo torcedor e pelo clube. Inclusive o seu Pepe diz que sou o maior goleiro que ele já viu jogar pelo Santos, e olha que ele viu muita gente. Agora já falei para ele que não pode falar só para mim isso, tem que falar para a torcida e imprensa também”.
Jogando pelo Santos, Sérgio foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez. Foram diversas convocações e jogos pelo time Canarinho. Inclusive participou da partida história do aniversário de 50 anos do Rei Pelé, em 1990, jogo entre Brasil e Seleção do Mundo.
“Quando fui convocado a primeira vez foi uma grande comemoração minha e do clube. Parece que tinha uns oito anos que o Santos não tinha um atleta na Seleção. Deu até uma revigorada no time. Foi um sonho realizado que o Santos me ajudou a conquistar”, relembra o goleiro, que comemora outro feito com a camisa alvinegra: a de pegador de pênaltis.
“Acho que peguei uns 80 pênaltis jogando pelo Santos. Teve um Campeonato Paulista que se terminasse o jogo empatado havia disputa de pênaltis e eu peguei muito pênalti pelo clube”.
Figurinha carimbada dos álbuns de futebol da época, status que só os craques recebiam, Sérgio mantém o visual de cabelos longos e barba feita até hoje. Segundo ele, o estilo vem do gosto pelo rock and roll. Fisionomia que não deixa torcedor se enganar quando o vê. E o agora treinador sonha com a terceira passagem pelo clube.
“Meu sentimento é que o Santos tem medo do goleiro Sérgio, que foi referência como jogador e que tinha a responsabilidade e atitude de cobrar dos companheiros e da diretoria. Esse meu modo idealista acabou fazendo com que as minhas passagens fossem mais curtas do que deveriam no clube, apesar de ter ficado mais de quatro anos vestindo essa camisa. Mas não tenho dúvida que voltarei a trabalhar no Santos. Hoje penso como treinador, mas se isso não ocorrer pode ser como dirigente no futuro, mas precisa ser de alguém que tenha poder de decisão”.
Sérgio hoje vive na cidade de Santos, onde criou raízes. Tem três filhas e ainda bate a sua bolinha com os amigos. No futebol, acaba de conquistar o acesso à Série A2 do Paulista com a Portuguesa Santista.
FICHA TÉCNICA
Nome: Ivanílton Sérgio Guedes
Data de nascimento: 07/11/1962
Local de nascimento: Rio Claro (SP)
Posição: Goleiro
Jogos pelo Santos: 242
Período que defendeu o Santos: 1989-1993 / 1996
E que tempos difíceis, pqp, valeeeu sergião, esse nos honrou e nos representou, como SANTISTAS.
grande carater, grande atleta, toda sorte Serjão venha um dia treinar nosso peixe
Podia contrata lo para ser técnico do sub-20
quero ver de tecnico após o jair