Venda do craque brasileiro do Barcelona ao PSG ainda gera polêmica na Vila (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Em agosto de 2017 uma mala de dinheiro, ou várias pra ser mais específico, mudaria a história de um Menino da Vila. Ou melhor, um ex-Menino da Vila: Neymar Jr. O camisa 11 do Barcelona era o sonho de consumo do sheik dono do PSG, da França, e 222 milhões de euros (812 milhões de reais) depois tudo se tornou realidade.

As cifras astronômicas encheram os olhos de outro time: o Santos. Números parecidos com esses o Peixe só estava acostumado a ver com um sinal de menos na frente, então um dinheiro entrando em caixa viria bem a calhar. O alvinegro teve direito a 4% da bolada que o Barcelona recebeu por conta do mecanismo de solidariedade da FIFA.

No entanto, esse pagamento foi alvo de polêmica nos últimos dias em Santos. Por ser uma lei, o Peixe, em teoria, não precisaria contratar um intermediário para fazer valer seus direitos e receber a quantia, mas o fez. A empresa maltesa Quantum Solutions Limited, que aparece na recente auditoria forense feita pela GF Brasil no Santos, foi contatada, por meio de seu intermediário Alain, para agir junto aos clubes europeus.

Nesta terça-feira, em reunião do Conselho Deliberativo do Santos, a Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) apresentou um parecer sobre essa intermediação. A empresa maltesa cobra do Peixe uma comissão pela intermediação dos valores repassados ao Santos na transferência de Neymar como clube formador. Porém, no entender da CIS, não houve o pagamento à Quantum e, portanto, o clube não foi lesado.

Vários conselheiros foram contrários ao parecer da CIS nessa reunião. Um deles, Marco Scandiuzzi, foi mais enérgico. Ele lembrou que a Quantum, segundo dados da auditoria, foi quem intermediou o patrocínio da empresa “Royal Air Maroc”, em 2016, e quem assinou um contrato de intermediação de jogadores e desenvolvimento de um site, em 2017. Ainda no documento apresentado pela GF Brasil, consta um contrato de intermediação assinado com a empresa maltesa no dia 1 de agosto de 2017, véspera do anúncio de Neymar como jogador do PSG.

Segundo Scandiuzzi, o processo que foi encaminhado à CIS mostra conversas e trocas de e-mail que comprovam a participação da empresa na intermediação do dinheiro de Neymar. No entanto, a cobrança dessa intermediação só se deu no dia 11 de dezembro do ano passado, dois dias depois do resultado negativo do ex-presidente Modesto Roma Jr nas urnas.

Ainda que a CIS tenha julgado que o clube não foi lesado porque essa comissão jamais foi paga pelo Peixe, a intenção do plenário do Conselho Deliberativo é levar o caso ao Ministério Público Federal. Na votação feita durante a reunião, ficou acertado que o caso voltará à Comissão de Inquérito e Sindicância para nova análise e depois será submetida à nova votação. Os conselheiros também deixaram claro que querem que o documento seja enviado como está ao MPF.