Reunião do Conselho Deliberativo do Santos nesta terça aprovou a proposta orçamentária para 2018 (Crédito: Diário do Peixe)

Como era esperado, a reunião do Conselho Deliberativo do Santos nesta terça-feira para a apresentação do parecer do Conselho Fiscal do terceiro trimestre de 2018 e a proposta orçamentária para 2019 teve um clima quente na Vila Belmiro e mostrou que o presidente José Carlos Peres segue muito contestado pelo órgão, que aprovou o impeachment do dirigente em agosto (Peres foi salvo da queda pelos sócios).

A reunião começou com a apresentação do parecer do Conselho Fiscal sobre as contas do terceiro trimestre. Após a leitura, o presidente José Carlos Peres pediu a palavra para fazer esclarecimentos, mas passou a responsabilidade ao novo executivo administrativo, Fernando Volpato, que teve a contratação antecipada pelo DIÁRIO. Nesse ponto, começaram os protestos. Um conselheiro questionou o fato de Volpato ser engenheiro elétrico por formação, não sendo um técnico da área. O novo funcionário se defendeu sob a alegação de que foi responsável por toda a operação da Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR, seu último clube.

Em seguida, foi feita a apresentação da proposta orçamentária para 2019. Conselheiros questionaram a diminuição da verba de marketing (de R$ 22 milhões para R$ 7 milhões), o aumento dos gastos com o Comitê de Gestão (de R$ 600 mil para R$ 1,8 milhão), criticaram o que chamaram de “gestão amadora” e um deles culpou o vice-presidente Orlando Rollo pelo “não” do impeachment do presidente.

“Renuncie. O Senhor (Rollo) foi a causa do erro dos associados”

José Carlos Peres culpou o ex-executivo administrativo, Ricardo Feijoo, pelos valores “errados” na proposta orçamentária. Por unanimidade, a proposta foi aprovada. O Santos prevê superávit de R$ 50 milhões em 2019, com a necessidade de R$ 35 milhões através da negociação de jogadores.

Após a aprovação, começaram os questionamentos. Um conselheiro questionou a participação do empresário Renato Duprat na administração e o presidente José Carlos Peres negou qualquer influência do empresário, como citado por áudio vazado de Ricardo Feijoo.

“Duprat nunca fez negócio aqui. Na minha gestão não ganhou e nem vai ganhar um centavo aqui”, afirmou o presidente, confirmando que irá processar o antigo funcionário.

O clima esquentou novamente com os questionamentos pelo pagamento de R$ 2,5 milhões em comissões pelas contratações do técnico Cuca e dos estrangeiros Bryan Ruiz, Carlos Sánchez e Derlis González. Dois conselheiros protocolaram requerimento pedindo informações sobre quem recebeu as respectivas comissões.  Peres afirmou que todas as comissões passaram pelo CG e fez uma defesa maior do meia da Costa Rica.

“Bryan Ruiz está sendo preparado para ano que vem. Ele tinha 2 centímetros (de diferença) de um lado e está se recuperando. Tanto que o Cuca conversou comigo e disse que ele vai render muito no ano que vem. Está com a saúde boa e tecnicamente é muito bom”, afirmou o presidente.

A reunião prosseguiu com o desabafo de José Carlos de Oliveira para explicar sua saída do Comitê de Gestão. Ele negou a afirmação do presidente de que o CG sabia das comissões nas contratações dos jogadores estrangeiros. O conselheiro foi muito aplaudido pelos colegas e muitos conselheiros imediatamente pediram a renúncia do presidente José Carlos Peres.

Durante a reunião, o presidente do Santos ainda afirmou que a auditoria está perto de chegar ao relatório final, prometeu recorrer ao CAS para conseguir uma indenização pela eliminação na Copa Libertadores e revelou um problema com o Fisco espanhol ainda pela venda do atacante Neymar ao Barcelona.

“O Fisco espanhol está cobrando 21% de imposto sobre 17 milhões de euros (R$ 75 milhões), cerca de R$ 10 milhões da venda do Neymar. Tem que pagar. Se não pagar o Santos vai ser proibido de sair do Brasil, se quiser visitar a Europa não vai poder. Esse ano foi de pagar a conta. Não fizemos nenhum endividamento”, afirmou Peres.

Na reunião, o conselheiro Rachid Bourdoukan, um dos mais atuantes no colegiado, entregou uma carta de renúncia por não concordar com o modo como o Conselho atua no clube.