Cuca estreou pelo Santos no início de agosto e mudou o astral e a campanha do time no ano (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Da água pro vinho. Um progresso de dois anos em dois meses. Assim é o Santos de Cuca quando comparado ao de Jair Ventura, técnico do time no primeiro semestre e em parte do segundo. Neste sábado, o Peixe vai se encontrar com o seu passado no clássico contra o Corinthians, às 19h, no Pacaembu, já que verá Jair no banco de reservas adversário.

Desde a saída de Jair Ventura, muita coisa mudou no Santos: a começar pelo desempenho e aproveitamento do time. No Campeonato Brasileiro, Cuca chegou aos mesmos 13 jogos de Jair, mas com um aproveitamento 20% maior. Com o antigo técnico foram 15 pontos conquistados de 39 possíveis, ou seja, 38,4%, já com Cuca o Peixe ganhou 23 dos 39 e a porcentagem subiu para 58,9%. Resumindo: com Jair o Santos estaria na beira do Z-4, com Cuca, dentro do G-6.

Além disso, o desempenho defensivo com Cuca melhorou muito. Nos 13 jogos sob o comando de Jair Ventura no Brasileirão, o Santos tinha anotado 15 gols e sofrido 17. Com Cuca, foram 16 gols marcados e sete sofridos, ou seja, mais gols feitos e menos da metade sofridos.

O novo treinador também focou em recuperar jogadores importantes e que não correspondiam com Jair e dispensar medalhões e atletas que já não somavam mais ao elenco. Amplamente criticado com Jair, Gabigol deixou a má fase pra trás para se tornar o artilheiro do Campeonato Brasileiro. Já David Braz e Vecchio arrumaram as malas e foram embora, caso parecido com o de Léo Cittadini, que até continua no time, mas nunca mais atuou.

E olha que se o mar estava agitado na época do antigo treinador, com Cuca a tormenta chegou. O momento de calmaria inicial com a chegada dos importantes Carlos Sánchez e Derlis González, e do não adaptado Bryan Ruiz, durou pouco. Nos dias que se sucederam, Cuca assistiu Ricardo Gomes deixar o comando executivo do clube e o presidente José Carlos Peres sobreviver, nas urnas, a um processo de impeachment.

Dentro de campo, Cuca foi ajeitando a casa aos poucos. Chegou a deixar Gabigol no banco, mas depois chegou a dar a braçadeira de capitão ao camisa 10. O técnico até chegou a jogar com quatro atacantes, mas foi embora o 4-2-4 de Jair para a entrada do 4-4-2, com Bruno Henrique alinhado como meia na esquerda e Sánchez na direita, ou até o 4-1-4-1 em jogos nos quais o técnico quer um time mais sólido defensivamente, resgatando o centroavante que havia dentro de Gabigol para atuar sozinho na frente, mas com liberdade para sair da área.

O torcedor santista viu Robson Bambu entrar no momento de necessidade, crescer e fazer parte do recorde defensivo de mais jogos sem sofrer gols na história centenária do Santos. Bambu se aproveitou das lesões dos companheiros Lucas Veríssimo e Luiz Felipe para passar de última opção a titular, ao lado de Gustavo Henrique, da zaga que ficou oito jogos sem ser vazada.

O jovem zagueiro, inclusive, ajudou a demonstrar uma das características de Cuca: o técnico não tem papas na língua e já entrou em rota de colisão com o empresário do jogador, por conta do litígio na renovação de contrato do atleta, e até mesmo com o presidente Peres por diversas vezes, por assuntos como contratações, inscrição de jogadores, profissionalização do Santos e até reformas no CT.

Assim é o novo Santos do técnico Cuca, que deixou a 17º colocação, herança de Jair Ventura, para pegar o elevador, subir 10 degraus e assumir o 7º lugar, estando apenas seis pontos atrás do G-6 e sonhando novamente com Copa Libertadores da América.