O técnico Jesualdo Ferreira tem cumprido o prometido e aproveitado mais as categorias de base em seus primeiros jogos no comando do Santos. Até aqui, em apenas quatro partidas, os Meninos da Vila já têm mais tempo em campo do que em todo o Campeonato Paulista sob o comando do técnico Jorge Sampaoli no ano passado.
Nestes primeiro jogos do Paulistão, os Meninos da Vila mais recentes a serem promovidos já atuaram, ao todo, por 254 minutos, de acordo com o site de estatísticas Footstats. Já sob o comando do técnico Jorge Sampaoli, os garotos da base do Peixe – exceto por Rodrygo, que já tinha status de titular– jogaram 239 minutos em todas as 12 rodadas do estadual e nas fases de mata-mata.
Veja a comparação do tempo jogado pelos Meninos da Vila no Campeonato Paulista do ano passado em relação a esta temporada:
2019 – 239 minutos
Kaio Jorge – 147 minutos
Yuri Alberto – 90 minutos
Sandry – 2 minutos
2020 – 254 minutos
Kaio Jorge – 108 minutos
Tailson – 89 minutos
Sandry – 45 minutos
Renyer – 12 minutos
Vale lembrar que, neste início de ano, o técnico Jesualdo Ferreira não tem contado com o atacante Yuri Alberto, que defende a seleção brasileira pré-olímpica em um torneio na Colômbia. Porém, os primeiros jogos do ano já mostram que o português tem olhado com carinho para a base.
No ano passado, o então técnico Jorge Sampaoli afirmou que não colocaria em campo os garotos que não estivessem preparados para competições profissionais. O jogador mais utilizado pelo argentino foi Tailson, que jogou apenas no Campeonato Brasileiro, e teve 508 minutos em campo.
Agora, como o Santos tem um orçamento menor que o do ano passado, o foco do clube é aproveitar a base para evitar gastos com reforços. Por isso, a utilização dos Meninos da Vila por Jesualdo tem sido justamente um reflexo da falta de contratações – até aqui, o Peixe trouxe Madson e Raniel para a temporada.
Não adianta colocar um garoto em campo, fora da posição de origem, para jogar num time desorganizado, sem esquema de jogo. Assim queima a molecada. Outra coisa é querer fazer média para dizer que utiliza a base. Se o treinador tem o Evandro, o Jean Morto, colocar o Sandry de titular é querer mostrar o quanto é diferente do Sampaoli, que pouco utilizou a base. Idem para o Kaio Jorge deslocado para a ponta. Tinha o tal do Venuto e o Tailson. Essa estória de puxar garotos de 16, 17 anos para o time principal (entrando de titular, ainda), queimando etapas, não é para qualquer suposta “promessa”. Casos de sucesso precoce são raros e o garoto precisa ser muito acima da média, precisa ser raio, precisa entrar e, descontado o desenvolvimento físico e o nervosismo da estreia, precisa jogar alguma coisa. Precisa ser do nível do Coutinho, do Edu, do Neymar. Se não for assim, deixa o garoto se desenvolver normalmente nas categorias de base, jogando contra os moleques de mesma idade. Se o cara não consegue se destacar numa competição sub qualquer coisa, numa Copinha, contra time de garotos, não é raio. Pode vir a ser um bom jogador, mas raio não vai ser. Há uma ansiedade por encontrar soluções na base porque o time está sem grana para contratar, mas não dá para achar que qualquer moleque que faz uma gracinha nos treinamentos vai chegar e arrebentar nos profissionais. Muita calma nessa hora, vide o Yuri Alberto, eterna promessa.