O Santos estreia nesta sexta-feira na Copa São Paulo de Juniores em busca do tricampeonato da competição praticamente 35 anos após o primeiro. No dia 22 de janeiro de 1984, com o estádio do Canindé lotado, o Peixe enfrentou o Corinthians na final da Copinha em busca de um título inédito. Aos 18 minutos do primeiro tempo, o atacante Gerson abriu o placar para o Santos, mas o Corinthians empatou com Rogério, aos 32 minutos.
Nos minutos finais, após um escanteio da direita, o então zagueiro Flávio subiu mais alto que os adversários e cabeceou com força para fazer o gol do título do Santos e fazer a alegria do torcedor, que não comemorava uma conquista desde 1979.
“Passou rápido o tempo. Quando você falou 35 anos…”, brincou o ex-zagueiro Flávio em contato com o DIÁRIO.
Flávio jogou sete anos nas categorias de base do Santos, dos 13 aos 20 anos, e disputou quatro edições da Copa São Paulo de Juniores, tendo sido vice-campeão em 1982. O gol na decisão de 84 foi um dos poucos da sua carreira. Como zagueiro, Flávio subia pouco ao ataque, mesmo em cobranças de escanteio.
“O time sempre revezava o zagueiro para subir, mas o Pedro Paulo era mais alto que eu e a gente dava preferência para ele. No finalzinho dos jogos a gente subia os dois e deixava os laterais na marcação. E nessa saiu o gol”, explica.
Mesmo depois do gol histórico, o jogador não teve muitas oportunidades na equipe profissional e foi emprestado ao Sãocarlense.
“O Santos tinha uma equipe muito boa, que tinha sido vice-campeã brasileira em 83 e depois foi campeã paulista em 84. Eu sabia que era muito difícil ter espaço. Fui para o Sãocarlense, voltei em 85 e fiquei até 86. Joguei pouco, mas joguei. O Paulo Robson se machucou e acabei jogando mais de lateral do que de zagueiro”, relembra.
Em 1986, Flávio pegou o “passe” e sofreu nas mãos de empresários, que queriam levá-lo para times pequenos do Paraná e de Santa Catarina. Acabou atuando mais um ano no União Barbarense antes de encerrar a carreira de jogador profissional e iniciar outra, em Cubatão.
“Casei cedo, tinha filho pequeno e fiquei seis meses no Jabaquara e resolvi parar. Apareceu uma oportunidade para trabalhar em Cubatão e eu fiquei até hoje”, revela.
Em uma empresa de fertilizantes de Cubatão, Flávio também fez “história” no futebol.
“Isso é engraçado. Quando entrei, muitos sabiam que eu tinha jogado no Santos porque era recente. E a empresa jogava o campeonato das indústrias. Nós montamos um time bom e fomos bicampeões das indústrias, vencendo a Cosipa, que normalmente era campeã”, afirma.
Com o passar dos anos, até mesmo na empresa a história do primeiro título do Peixe na Copa São Paulo foi se apagando.
“A empresa vai renovando, entra muita gente jovem e quando eles começam a acompanhar a Copa São Paulo falam que eu joguei a Copinha e ninguém acredita. Ficam surpresos. Ainda bem que tem os vídeos no youtube para mostrar. Se fosse hoje eu tinha contrato até o final da carreira só mostrando o vídeo do gol”, brinca.
Do Santos, Flávio ganhou uma premiação pela conquista da Copa São Paulo.
“Se fosse R$ 1 mil para cada um era muito. Era uma ajuda de custo, ninguém ganhava nada. Mas davam um ajuda da ajuda”.
Em 2013, quando o Santos conquistou o bicampeonato, o clube fez uma homenagem ao time de 84.
“Nos deram uma medalha depois de 29 anos. Foi bacana”.
Flávio agora planeja encerrar a carreira em Cubatão para, quem sabe, voltar ao futebol como treinador de equipe de base. Assim, ele pode reviver o gol marcado em 1984, o momento mais especial da carreira.
“Era meu último ano nos juniores, meu último jogo, era o capitão do time, era uma final contra o Corinthians. O gol fechou tudo com chave de ouro”, afirma.
Matéria do Globo Esporte sobre a conquista do título:
Deixar um comentário