Cueva segue com futuro indefinido no Santos (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

A situação do peruano Christian Cueva segue como uma incógnita no Santos. Sem treinar desde o dia 28 de janeiro, o meia já viajou para a Argentina, e agora está no México, onde conseguiu um acordo verbal com o Pachuca.

No entanto, ainda há muito o que acontecer até que Cueva possa, de fato, vestir a camisa de outro clube. Isso porque o Santos começa a pagar neste ano a primeira de três parcelas de compra ao Krasnodar, da Rússia. O valor de cada parcela é de US$ 2,3 milhões, com um desconto de US$ 700 mil, que o São Paulo tinha direito, mas abriu mão para conseguir o empréstimo de Vitor Bueno.

O mais novo capítulo desta novela foi o pedido de rescisão de Cueva na Fifa, em notícia trazida nesta segunda-feira pelo portal UOL.

A alegação do peruano é de que há um atraso salarial de três meses, porém, o valor que Cueva recebe mensalmente em carteira está em dia, e o atraso referido pelo atleta se dá por conta dos direitos de imagem, que estão de fato atrasados.

Por isso, o Diário do Peixe procurou o advogado Filipe Rino, especialista em direito esportivo, que explicou que Cueva tem direito a pedir rescisão por conta do atraso nos direitos de imagem, mesmo que o salário em carteira esteja em dia.

“Ele pode conseguir a rescisão se houver atrasos por três meses no pagamento da imagem. O artigo 31 da Rei Pelé diz que haverá rescisão indireta do contrato de trabalho se houver o atraso no pagamento por três ou mais meses dos salários e também dos direitos de imagem. Se ele conseguir a rescisão, o Santos não pode alegar abandono de emprego, até porque a CLT é bem clara, que quando o profissional se socorre à Justiça, ele pode optar por permanecer ou não trabalhando até o final do processo”, explicou.

O artigo 31 da Lei Pelé diz exatamente o seguinte:

“A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos”.

Portanto, caso Cueva consiga sua rescisão, o Santos irá perder o atleta e terá de chegar a um acordo com o Krasnodar para não “rasgar” dinheiro, já que a dívida continua ativa. Além disso, de acordo com Rino, caso Cueva consiga a rescisão o Santos ainda “ganhará” uma nova dívida.

“Se ele (Cueva) conseguir a liberdade contratual na Justiça, a dívida do Santos continua com o clube russo, e o Santos também terá que fazer o pagamento da cláusula compensatória desportiva, que é a multa pela rescisão por culpa do clube. O valor dessa multa é, normalmente, os salários que o atleta receberia até o final do contrato”.

Cueva quer rescindir contrato com o Santos (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

Opções de Cueva

Enquanto o Santos estuda o que fazer para não sair no prejuízo, Cueva se movimenta no mercado em busca de um novo clube.

Apalavrado com o Pachuca, o peruano terá um problema caso decida atuar pelo clube mexicano sem conseguir uma rescisão. Isso porque a janela do México já fechou, e mesmo caso ele seja emprestado ao Pachuca, ele não poderia atuar até a abertura da próxima janela.

Já na Argentina, onde Cueva se reuniu com o San Lorenzo, a janela se fecha apenas no próximo dia 19. Por lá, o Santos poderia entrar em um acordo para pagar a primeira parcela e deixar as outras duas com o clube argentino.

Oficialmente, o Santos não dá detalhes da situação de Cueva, e informa apenas que o caso está nas mão do departamento jurídico.

Cueva foi o segundo reforço mais caro da história do Santos, atrás apenas do atacante Leandro Damião, que não rendeu o esperado no Peixe.