Emicida é santista declarado (Crédito: Reprodução)

O rapper Emicida fez um impactante discurso no programa Papo de Segunda, no canal GNT, da TV Globo. Ao falar sobre o Rei Pelé, afirmou que o Brasil por ser um pais racista, ainda não reconhece Edson Arantes do Nascimento como um dos maiores ídolos da história.

“Eu sei que o Pelé tem uma história controvérsia. Mas ele é um Rei. Ele ousou ser Rei no país mais racista do mundo. Que também é destruidor de super-heróis. É por essa razão que o Brasil não tem um prêmio Nobel até hoje. Sucesso no Brasil é uma ofensa pessoal. Só que da para acrescentar que quando você tem a pele escura, não é só um crime pessoal, é um crime hediondo. A figura do homem preto vencedor é extremamente ofensiva para o brasileiro médio”, explicar Emicida.

Santista declarado, Emicida ainda usou como exemplo Neymar, que quando se posiciona contra o racismo, tem efeitos contrários. O rapper citou frases utilizadas por Pelé em outras épocas que não foram tão divulgadas na luta contra o racismo.

“Se hoje o Neymar enfrenta esse tipo de reação (quando se posiciona contra o racismo), qual o espaço para se declarar antirracista, num ambiente futebolístico quando você um jogador de pele escura hoje, e qual era o espaço na época do Pelé. Quem quer compartilhar suas dores e sentar no banco do réu, quem quer fazer isso quando o juiz pratica uma parada que, como o Neymar sobre, é um ativismo de vingança. O Pelé, no posicionamento dele, foi o que o pais do tempo dele conseguia comparecer. Que é como eu vejo o posicionamento da minha avó. E eu digo isso porque eu tive por anos uma imagem do Pelé alienado. E aí, recentemente, vale indicar Ubuntu Futebolístico, eu nunca tinha visto uma análise tão precisa e ampla sobre o Pelé. E ali eu vi que a imagem do Pelé alienado, não é uma verdade completa. É uma ficção da mídia esportiva branca. O Pelé, enquanto Rei, disse frase: ‘eu nunca tirei minha cor para jogar’ ou a poderosíssima: ‘O sinônimo politico no Brasil é corrupto, e o negro não carrega essa marca. Então, negros devem votar em negros’. Mas ninguém fala desse Pelé. Nenhum de nós viu manchetes com essas frases porque esse país, que é destruir de herói, ele se esforçou com muita habilidade para posicionar o preto vencedor”, afirma Emicida.

“A questão da filha faz parte de uma tragédia muito maior. Quantas crianças não tem o nome do pai na certidão? Milhões. E isso é uma vergonha para nossa sociedade. E eu faço protesto nesse coro também. Mas eu gostaria que ele fosse mais celebrado também. Como essa figura conciliadora que parou uma guerra, que fez as gerações antes da nossa geração, sonhar com algum reconhecimento. Eu queria demais que ele tivesse o prêmio máximo: ser percebido como um ser humano”, completa o rapper.

O Rei do Futebol faleceu nesta quinta-feira, dia 29 de dezembro, aos 82 anos, vítima de complicações de um câncer no cólon. A majestade foi internado no final de novembro e também chegou a ser diagnosticado com Covid-19. O Boletim apontou a causa da morte como “falência de múltiplos órgãos”.

Segundo o Peixe, o velório acontecerá no próximo dia 2 de janeiro, na segunda-feira (2), na Vila Belmiro. Todos que quiserem se despedir do Rei do Futebol entrarão pelos portões 2 e 3, com saída pelos portões 7 e 8. Autoridades terão acesso pelo portão 10.

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