Cuca não quer saber de rebaixamento no Peixe (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Após a demissão de Jair Ventura, o Santos anunciou no final de julho a contratação do técnico Cuca. O comandante chegou para sua segunda passagem pelo Peixe e viu o time perto da zona do rebaixamento. Hoje, cinco jogos e quase 20 dias após sua chegada, o Peixe ainda figura no Z-4.

Mesmo assim, o técnico Cuca não tem medo do fantasma do rebaixamento. Em entrevista exclusiva ao Diário do Peixe o novo comandante santista falou sobre a situação atual, a crise política que afeta os bastidores do Peixe e disse que quer cuidar de seus “guris”.

Diário apresenta essa entrevista dividida em três partes. Confira a primeira delas abaixo:

Diário do Peixe: Você está morando no CT ainda? Quais os planos pra morar na cidade e quando?

Cuca: Estou aqui no CT. Pretendo alugar um apartamento, mas depois que der uma calmada nas coisas, organizar um pouco mais. Por enquanto está muito trabalhoso, então estou morando aí. Ter um conhecimento maior dos jogadores, entre eles, principalmente os estrangeiros que chegaram agora. Isso aí a gente faz esse meio-campo, encurta o atalho pra eles se conhecerem um pouquinho mais e nada melhor do que estar junto aqui direto.

Diário: Sua primeira passagem como técnico no Santos foi em 2008 e justamente no ano que o time ficou mais próximo de ser rebaixado. Você diferença daquele para o time de hoje?

Cuca: Eu vejo diferença em mim. Eu estava desgastado e hoje estou renovado, pronto pra dar o meu máximo e tirar o máximo de cada jogador. A maior diferença pra mim é essa e é o que importa.

Diário: Quando você chegou o objetivo proposto foi de classificação para a Copa Libertadores da América. Depois desse início de trabalho, ainda dá pra chegar lá ou o objetivo é mesmo fugir do rebaixamento?

Cuca: Não é diferente do que eu esperava. Eu cheguei terça e jogamos na quarta com o Cruzeiro que já está há dois anos na mão do mesmo treinador. Perdemos em casa, mas jogando em igual. Fomos fora contra o Botafogo, poderíamos ter ganho num lance e perdido no outro, foi justo o empate. Fomos jogar no Ceará, tivemos uma dificuldade grande no jogo, devido ao momento do Ceará e motivação que eles estavam, acabamos perdendo o jogo. Fomos jogar com o Atlético-MG e até os 25 minutos do segundo tempo era um jogo muito igual, poderíamos estar na frente ou empatado e perdemos. Jogamos o Cruzeiro fora, um jogo de extrema dificuldade e ganhamos. Então são cinco jogos: uma vitória, dois empates e duas derrotas, com um agravante que acho fundamental que jogamos quatro partidas fora de casa e não podendo contar com alguns jogadores. Não está tudo errado. As coisas estão encaminhando, se o resultado não vem, você tem que ver o campo de jogo, se você vê evolução. Se ela estiver ocorrendo o resultado daqui a pouco vai vir.

Diário: Mas o desafio vem se tornando maior do que você esperava?

Cuca: A dificuldade sim. A gente tem alguma carência no grupo pra dar um equilibrada. Ter dois ou três jogadores de cada posição. Alguns lugares a gente tem três ou quatro e em outros a gente tem um ou nenhum. Então é esse equilíbrio que eu tentei dar indicando algum jogador, mas infelizmente a gente não conseguiu trazer.

Diário: Você teme ficar marcado como o treinador que rebaixou o Santos?

Cuca: Não temo. Se eu cair é porque é da vida, mas que eu não tenho medo, eu não tenho. Eu tenho confiança muito grande nesses jogadores aí, na comissão técnica, que nós vamos sair dessa. Temos um turno inteiro pela frente. Temos dificuldade, desgaste que outras equipes que estão abaixo da tabela não estão tendo porque não tem mais do que uma competição, esse é um ponto que a gente tem que ser inteligente.

Diário: O que falta para o time ter a cara do Cuca?

Cuca: Muito difícil e muita prepotência você chegar com 15 dias e fazer o time jogar com a cara do Cuca. Eu gosto de ter jogadores polivalentes, de mudar esquema, de ter um time versátil, que ataque muito mais do que defenda. Eu treino muito mais o ataque do que a defesa, eu gosto mais, por isso eu tenho minha comissão que me complementa trabalhando a zaga em conjunto comigo. Isso requer tempo. Não tenho como te dizer daqui quanto tempo a gente vai conseguir ou se vai conseguir. O mais importante hoje, eu confesso, é buscar o resultado, a confiança, auto-estima do jogador se elevar principalmente por ser um grupo jovem. Acho que essa vitória contra o Cruzeiro pode dar isso.

Diário: O Santos vive muitos problemas extra-campo, com desentendimentos entre presidente e vice e pedidos de impeachment contra o presidente. Isso chega no vestiário?

Cuca: Todo problema de qualquer clube afeta todo mundo que está no clube. O ideal é que não tenha isso. Tentamos blindar o máximo pra que as coisas não cheguem no vestiário. Faço questão de chamar o presidente, o vice, o diretor pra estar comigo presente nos trabalhos, nas preleções, pra eles estarem mais junto dos jogadores. Não tem que ter distância. ‘Ah o vestiário é do jogador’. Sim, é nosso, mas o diretor pode estar junto com o mesmo espírito, a gente está no mesmo barco, não temos porque esconder nada de ninguém.

Diário: O presidente já falou em trazer um 5, um 8, um 10 e um 9. Alguns reforços já chegaram, mas faltam outros. Hoje você vê o time precisando de outros nomes além do centroavante que é tão procurado?

Cuca: Eu vou dizer assim: tem isso, tem aquilo, e eu vou cuidar dos guris que eu tenho com maior carinho, prazer e satisfação que tenho. Todos sabem de algumas carências que temos, alguns jogadores sabem da necessidade de melhorar como grupo, não que venha alguém que já vai jogar, vai precisar provar… Mas não vou ficar falando o que precisa. Presidente sabe o que precisamos e aí é com ele.