Jair Ventura está no Santos desde o começo de janeiro (Crédito das fotos: Ivan Storti/Santos FC)

Jair Ventura, 38 anos, chegou ao Santos no começo deste mês com a disposição de vencer dois importantes desafios: provar que pode fazer um ótimo trabalho fora do Botafogo e ganhar seu primeiro grande título como treinador. E ele está convencido de que tem o que é necessário para chegar lá.

Em uma entrevista exclusiva concedida ao DIÁRIO DO PEIXE, que será publicada em três partes, Jair afirmou que o Santos pode ser campeão em 2018 mesmo que não sejam feitas contratações de grande impacto, pois está consciente de que o clube não dispõe de dinheiro para isso. O técnico carioca disse confiar muito no potencial do elenco que tem nas mãos e que, apesar da derrota para o Bragantino, pela segunda rodada do Campeonato Paulista, a equipe está no caminho certo para fazer uma temporada vencedora.

Leia a seguir a primeira das três partes da entrevista exclusiva de Jair Ventura:

A situação financeira do Santos é difícil, como todos sabem. Isso atrapalha o seu trabalho?
Todo treinador quer contar com grandes contratações, isso facilita bastante a nossa vida, mas eu costumo dizer que a gente tem de olhar primeiro para dentro. O elenco que aqui está é um bom elenco, apesar das perdas, e isso fez com que eu viesse para cá. Acredito muito no potencial dos que aqui estão, no potencial dos jovens da base também, e mesmo com essa dificuldade financeira o nosso departamento de futebol está trabalhando para contratar jogadores. A expectativa é boa, não é tão ruim como todo mundo está achando. É lógico que se você fizer um comparativo, principalmente com o Palmeiras, que não para de contratar, contrata todo dia, a gente perde nessa situação. Mas o Santos é forte independentemente de contratações, tem esse histórico de conseguir fazer grandes trabalhos usando a base. Mesmo que não venham as grandes contratações, a gente pode ser competitivo e conquistar títulos.

O técnico no Memorial das Conquistas

Você já passou para a diretoria os nomes dos jogadores que gostaria que fossem contratados?
Bom, você tem os nomes, o nosso departamento de futebol trabalha neles, mas aí tem a situação financeira. A gente tem de conseguir os nomes que a gente quer dentro da nossa realidade financeira.

O elenco que você tem hoje é suficientemente bom para disputar bem todas as competições desta temporada (Campeonato Paulista, Copa Libertadores da América, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil)?
Os treinadores sempre querem um pouco mais, todos são assim, mas a gente tem de entender a realidade. O ano vai ser muito longo, a gente está nas principais competições. Ter um grupo homogêneo é muito importante, mas o ideal a gente nunca sabe, não sabe de quantas peças a gente vai precisar. É muito cedo, o trabalho está começando, eu estou conhecendo esses jogadores. Você jogar contra (como técnico de outra equipe) é uma coisa, você trabalhar o dia-a-dia é diferente, e eu tenho visto boas coisas, tenho gostado, então a expectativa é de fazer um grande ano mesmo que não venham grandes contratações.

Com o elenco que você tem nas mãos, e com a situação financeira complicada do clube, é possível ganhar pelo menos um título em 2018?
Tem de ser. Eu não posso chegar ao Santos e não falar em títulos. Quando você passa por essa história aqui, tricampeão da Libertadores, dois Mundiais, oito Brasileiros, como é que não vai falar em título? Eu penso em títulos, eu quero colocar mais uma estrelinha dessas aí (no escudo) junto com o meu grupo. A gente tem de marcar (a história do clube).

E qual título é o mais valioso para você?
O que está mais perto, qual é agora? O Paulista? Vambora, a gente vai brigar por todos os que disputar.

Você passou muitos anos no Botafogo, e agora mudou de clube. Qual é a maior dificuldade que um profissional sente quando chega a um lugar depois de ter passado muito tempo em outro?
Obter os resultados (risos). É tudo igual, não vejo diferença. A pressão é igual, a paciência é igual, a torcida é igual. Não muda. O que me garantiu no Botafogo foram os resultados, eu ganhei muito mais do que perdi lá, e no Santos vai ser a mesma coisa. Vai ser para mim, para um treinador de 70 anos, para um treinador que conhece o Santos como ninguém. O torcedor é paixão, ele não quer saber como foi o jogo. O Santos jogou mal (na derrota para o Bragantino)? Não. O Santos criou? Criou. Teve mais posse (de bola)? Sim. Perdeu o jogo, e aí? O que me consola é que a gente está no caminho certo, quando você joga mal e o time adversário te amassa, aí você tem de ligar o alerta. Mas quando você joga bem e perde, você sabe que está no caminho certo. Para um início de temporada, o Santos está no caminho certo.

A estrutura do Santos surpreendeu você?
Sim, e de um modo muito positivo. Eu já havia passado por fora (do CT Rei Pelé), já havia vindo jogar aqui, mas gostei muito do que vi. O CT, os profissionais, o ambiente, a cidade… Estou me sentindo em casa, estou morando no Gonzaga (bairro de Santos), a cinco minutos do clube, e ali tem tudo. Já estou bem adaptado, parece que estou aqui há uns dois anos. É sério, estou bem confortável.

Leia nesta quinta-feira no DIÁRIO DO PEIXE: Na segunda parte de sua entrevista exclusiva, Jair Ventura afirma que o Santos de 2018 será muito diferente do Botafogo que ele dirigiu.