Por Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, especial para o DIÁRIO DO PEIXE*
Arquibancada pulsando e gramado enlameado. Esses fatores davam a tônica do que era a Vila Belmiro nos tempos de vacas magras das décadas de 80 e 90 e aquele dia 19 de novembro de 1995 não foi diferente. Foi uma noite emocionante para a torcida santista e também para Pelé, homenageado no gramado devido ao ‘Dia Pelé’ recém instituído pela Câmara dos Vereadores de Santos.
O Rei do Futebol entrou ao lado de seu filho Edinho, na época goleiro do Santos, e dos capitães Gallo e Célio Silva. O então Ministro dos Esportes fez a alegria dos quase 20 mil torcedores presentes à Vila Belmiro e fez também com que o jogo atrasasse quase 15 minutos de tanto assédio que recebeu dos jornalistas.
Na semana do jogo os corintianos tentaram, por meio de declarações, desestabilizar os jogadores santistas. O meia Marcelinho Carioca falou à Folha de São Paulo que “se ganhamos do Grêmio em Porto Alegre, com 50 mil torcendo contra, por que teríamos problemas na Vila?”. Mas ao contrário da sua previsão, Marcelinho encontrou muitos problemas em Urbano Caldeira.
O Peixe foi para cima desde o início e aproveitou a expulsão do lateral Vitor ainda no primeiro tempo para dominar o confronto por completo. O detalhe do lance foi que Vitor acertou Jamelli dentro da grande área, mas o árbitro assinalou erroneamente a infração fora da área, prejudicando os donos da casa. O Santos martelou, mas não tirou o zero do placar nos primeiros 45 minutos. O técnico Cabralzinho percebeu a oportunidade e colocou Camanducaia no lugar de Vágner.
O amuleto alvinegro mostrou seu oportunismo e fez o primeiro gol após bela assistência de Giovanni, aos 26 minutos. O craque da camisa 10 jogou com faixas em apoio a sua permanência no time, já que o assédio de times como o São Paulo era muito grande. Vale lembrar que o conselho estava decidindo se a venda ao rival da Capital seria concretizada, o que não ocorreu para o alívio da torcida do Peixe.
O craque paraense estava inspirado e um minuto depois deu belo passe, dessa vez para Gallo, que acertou o ângulo do goleiro rival: 2 a 0. Camanducaia ainda teve tempo de fazer o terceiro para delírio dos torcedores. A vitória contra o Corinthians foi a primeira de uma sequência de cinco consecutivas que levou o Santos à liderança do segundo turno do Brasileirão no Grupo B. Foi a conta certa para a classificação que levou o clube a uma de suas mais belas páginas: a semifinal contra o Fluminense, que elevou o status de Giovanni a Messias.
Mas essa é uma história para um outro dia.
FICHA TÉCNICA
Santos 3 x 0 Corinthians
Data: 19/11/1995
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Público: 19.607
Santos: Edinho; Marcelo Silva, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Gallo, Carlinhos, Vágner (Camanducaia) e Robert (Marcelo Passos); Jamelli e Giovanni. Técnico: Cabralzinho
Corinthians: Wilson; Vitor, Célio Silva, André Santos e Carlos Roberto; Marcelinho Paulista (Tupãzinho), Júlio César, Marcelinho Carioca e Elivelton; Clóvis (Serginho) e Fabinho. Técnico: Eduardo Amorim
*A série Jogos para Sempre será publicada sempre para resgatar um confronto inesquecível entre o Santos e seu próximo adversário.
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