Texto de Fernando Ribeiro para o DIÁRIO DO PEIXE
Almir não conquistou nenhum título pelo Santos, nem ao menos disputou uma partida final, mas conseguiu o que poucos na história do clube conseguiram: tornou-se ídolo.
Titular absoluto da camisa 7 entre 1990 e 1993, atuou em um período de muitas dificuldades para a torcida santista. Crises financeiras e administrativas, em meio ao sucesso absoluto dos rivais fizeram com que o Santos se tornasse coadjuvante. Para se ter uma ideia do desespero alvinegro, os três rivais da Capital foram campeões brasileiros neste período. Almir tornar-se ídolo da torcida é, realmente, uma proeza.
O destaque do ponta-direita o fez, inclusive, ficar marcado como o primeiro craque apontado como “animal” pelo célebre Osmar Santos. Para os mais novos: Osmar era o narrador mais influente no esporte brasileiro nas décadas de 80 e 90, mestre em criar bordões. “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha” eram algumas de suas expressões que, em pouco tempo, já faziam parte do vocabulário popular. Na década de 90, o narrador começou a classificar o melhor jogador em campo como “o animal da partida”. Almir foi o primeiro a levar tal apelido. “O Osmar Santos me elegeu em alguns jogos como o ‘animal’ da partida. Fui o primeiro. Depois foi a vez do Edmundo, que, com toda justiça, acabou ficando com o apelido”, contou Almir, anos depois em entrevista.
Nascido em Porto Alegre, em 26 de março de 1969, Almir de Souza Fraga começou a carreira no Grêmio. Em 1985, estreou pelos profissionais, porém com a chegada de Luiz Felipe Scolari, em 1987, firmou-se na equipe principal. Chegou ao Santos em 1990, por empréstimo, para a disputa do Brasileirão. Formou ótimo trio de ataque junto a Paulinho (McLaren) e Serginho (Chulapa). As boas atuações forçaram o Peixe a comprá-lo em definitivo.
Menos de seis meses depois de chegar ao Santos, Almir fez sua estreia pela Seleção Brasileira. Vestindo a camisa 16, entrou no decorrer da partida, um empate sem gols contra o México, nos Estados Unidos. Foram, ainda, mais quatro participações com a camisa amarelinha, uma delas como titular (usou, sim, a camisa 7). Participou da Copa América de 1993 e disputou uma partida na competição – diante da Argentina, pelas quartas de final.
Veloz e driblador, Almir infernizava os seus marcadores e deixava seus companheiros sempre em boa condição para marcar. Em 1991, Paulinho foi artilheiro do Brasileirão, contando com muitos passes do ponta-direita. Já em 1993, foi a vez de Guga ser o marcador máximo da competição nacional. Foram 177 jogos pelo Santos, com 29 gols marcados em quase quatro anos de clube.
Deixou o Santos em 1994 para jogar no futebol japonês, no Shonan Bellmare. Depois de dois anos no Japão, voltou ao Brasil e virou um peregrino da bola. Jogou no São Paulo, Vasco, Atlético Mineiro, Guarani, Palmeiras, Inter, Sport, entre outros. Encerrou a carreira em 2001, pelo time gaúcho do Ulbra, mas a saudade o fez voltar para pequenos períodos no União de Mogi (SP) e no Porto Alegre (RS). Hoje, é treinador de futebol.
“O Santos da minha época tinha sérios problemas financeiros, estava sem ganhar título e o gramado da Vila era péssimo. E mesmo assim sou lembrado”, relembra, com orgulho, o ídolo Almir. Uma verdadeira Lenda da Vila.
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