Em 11 de setembro de 1963, o Santos conquistou o bicampeonato da Taça Libertadores da América. O feito foi alcançado diante do Boca Juniors, no lendário estádio La Bombonera, e permanece marcado na história de muitos, inclusive na de Lima, o histórico jogador do Peixe que fez parte da equipe dos anos 60 do clube. O “Curinga da Vila” concedeu uma entrevista exclusiva ao DIÁRIO para relembrar alguns momentos dessa final.
“Em Buenos Aires, na La Bombonera, não é um lugar fácil de se jogar, especialmente contra o time que o Boca tinha, não é mesmo? O Boca, naquela época, era para a Argentina o que o Santos representava no Brasil. O Santos tinha seis, sete ou até oito jogadores convocados para a seleção brasileira, e eles também tinham o mesmo respeito ao Boca Juniors na Argentina. No entanto, o time do Santos naquela época se destacava pela calma, tranquilidade e comportamento em campo. Enfrentávamos o Boca Juniors, o River Plate, o Real Madrid e muitas outras equipes que sempre disputavam grandes torneios com a mesma mentalidade. Depois, ficávamos sabendo que eles também tentavam fazer o mesmo, mas não tinha jeito, não é? A menos que você chegasse lá e dissesse ‘Não, eu me recuso a jogar’ e levasse os jogadores embora”, relembrou Lima.
Lima desempenhou um papel fundamental nessa final, especialmente no jogo de ida realizado no Maracanã, diante de 63.376 espectadores, onde o Santos venceu os argentinos por 3 a 2. Coutinho marcou duas vezes, e Lima marcou o terceiro gol para garantir a vitória. O ex-meio-campista compartilhou como foi a sensação de marcar um gol em uma final da Libertadores.
“A sensação é sempre muito boa, teria que ser, não tinha como não ser. Mas o melhor de tudo foi que essa jogada que levou ao gol foi treinada por um mês antes da final. Como mencionei, já havíamos jogado contra o Boca Juniors e conhecíamos a forma como eles jogavam. Se conseguíssemos encaixar essa jogada que resultou no gol, seria maravilhoso para nós, e foi exatamente o que aconteceu. Conseguimos encaixar, e eles ficaram surpresos”, disse.
O lendário jogador finalizou relembrando como o Santos foi preparado para aquela final, especialmente no jogo de volta, considerando que o clube argentino tentou prejudicar a equipe santista antes mesmo da bola rolar. Um exemplo disso foi o pedido para mudar o jogo de noite para tarde, diminuindo o tempo de treinamento do Santos.
“Buscamos aquela situação. Sabíamos que a decisão final seria em Buenos Aires, e tínhamos certeza de que não seria fácil, porque o Boca Juniors tinha uma grande equipe, base da seleção argentina na época, e estavam jogando em casa, em uma final da Libertadores. No primeiro jogo, eles foram bem aqui, mas também jogamos bem e ganhamos. Eles sabiam que, para nos vencer, precisariam atacar, mas atacar o Santos naquela época era como um suicídio, porque tínhamos um poder de reação muito forte. E foi isso que aconteceu; marcamos nossos gols e conseguimos a vitória nesse jogo de volta”, concluiu.
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Naquela época, o Santos era um time temido e respeitado, não existia adversário para ele.
Hoje é um bando em campo com os calções borrados, qualquer adversário deita e rola em qualquer local.
Aquele time do Santos é o maior de todos os tempos!