Osvaldo Topete em partida pela Seleção Paulista (Crédito: Arquivo Familiar)

O Maracanã, um dos estádios mais famosos do mundo, completa 70 anos nesta terça-feira. O DIÁRIO mostrou que o Santos conquistou oito dos seus títulos no estádio, inclusive o Mundial de 63, e está na lista de recordes com o maior público da história do Campeonato Brasileiro, na decisão da edição de 83 diante do Flamengo.

Poucos torcedores sabem, no entanto, outra curiosidade. O goleiro que sofreu o primeiro gol no Maracanã tem história com o Santos.

Osvaldo Pisoni, conhecido como Osvaldo Topete, defendeu a Seleção Paulista no confronto com a Seleção Carioca na inauguração do estádio. O time de São Paulo venceu o confronto por 3 a 1, mas o primeiro gol foi marcado pelo combinado do Rio de Janeiro, pelo craque Didi.

Em 2013, pouco antes da reinauguração do estádio, Osvaldo visitou o Maracanã à convite da TV Globo e relembrou o momento histórico.

“Eu xinguei e falei “está offside” (impedido). Uma coisa que eu xingava, ficou na história. O goleiro é sempre uma porcaria, é sempre o que mais sofre. Se toma gol, é frango. Se o cara lá na frente perde 50 gols, mas faz um, é o herói. O goleiro é a pior posição que existe no futebol”, afirmou Osvaldo Topete durante a vista ao Maracanã.

Na época do primeiro gol, Osvaldo era um dos principais goleiros do país. Ele defendeu o Ypiranga entre 1945 e 1950. Em 1951, ele se transferiu para o Bangu e ficou no clube carioca por duas temporadas. Em 1953, o goleiro foi contratado pelo Santos e defendeu o clube até 1956.

“Nós eramos garotos e ele já era um jogador feito. Veio com prestígio do Rio de Janeiro e estava sempre ajudando, orientando os jogadores, especialmente os da defesa. No convívio diário era um bom papo, boas conversas”, lembrou Zito, uma das Lendas da Vila, em um documentário produzido sobre a carreira de Osvaldo Topete.

Osvaldo entre Pepe e Vasconcelos durante a passagem pelo Santos (Crédito: Arquivo familiar)

O goleiro estava no Santos na chegada do Rei Pelé, de quem ficou muito amigo.

“O Osvaldo teve um maior relacionamento com  o Pelé. O Pelé passou o aniversário de 18 anos dele em nossa casa, em Americana”, relembra Athos Pisoni, irmão de Osvaldo, que também teve uma passagem como goleiro pelo Santos na década de 50.

“Passei dois meses entre uma excursão ao Rio Grande do Sul e treinamentos entre janeiro e fevereiro de 1957. Treinávamos pela manhã na Vila e, à tarde, na Praia José Menino. O Pelé gostava de jogar no gol e, quando jogávamos na praia, nós invertíamos as posições: o Pelé jogava no gol e eu no ataque”, afirma Athos Pisoni, que desistiu do futebol após a passagem pelo Peixe, virou atleta de tiro esportivo e representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976.

Osvaldo encerrou a carreira de jogador na Portuguesa, em 1959, para se dedicar a outra profissão. Ainda nos tempos de atleta, ele se formou em odontologia pela Universidade de São Paulo (USP) e passou a atuar como dentista. Ele faleceu em junho de 2016.