O ano de 2017 foi especial para a lateral Maurine, uma das melhores jogadoras das Sereias da Vila. Além do título do Campeonato Brasileiro e do vice do Paulista, a gaúcha anunciou sua despedida da seleção brasileira após 16 anos. Mas ela prefere falar de seu otimismo com o futuro: “Precisamos renovar a sala de troféus do Santos em 2018”, afirma em tom de brincadeira, mas reforçando que o time vai lutar por todos os títulos em jogo no próximo ano: Brasileiro, Paulista e Libertadores.
“Temos um time forte, um dos melhores do país”, diz a lateral, às vezes deslocada para a meia. Aos 31 anos, Maurine é uma jogadora com estrela, pois ganhou títulos por onde passou. Além do Campeonato Brasileiro pelo Santos em 2017, a lateral conquistou a Copa do Brasil pela Ferroviária em 2014 e o brasileiro pelo Flamengo em 2016.
Esta é a terceira passagem de Maurine pelo Santos. Na primeira, ao lado de Marta, Cristiane e Andréia Suntaque, entre outras, conquistou a Copa do Brasil em 2008 e 2009 e o bicampeonato da Copa Libertadores nos anos de 2009 e 2010. Em 2011, a lateral jogou nos Estados Unidos, na equipe do Western New York Flash, onde teve a companhia de Marta. As duas conquistaram o título da liga norte-americana WPS. A gaúcha voltou dos EUA direto para a Vila Belmiro, onde ficou até 2014.
Na seleção, Maurine foi prata na Olimpíada de Pequim (2008) e ouro no Pan-Americano de 2015. Mas a jogadora garante que o time nacional já é passado para ela. “Saí porque acho que meu tempo já se esgotou, foram 16 anos de dedicação e sacrifício. Estou satisfeita com tudo o que fiz e conquistei”, afirma a lateral do Santos. Maurine reforça que deixou a seleção porque não vê continuidade no trabalho. “Tudo começa e é interrompido de repente. Depois recomeça novamente quase do zero. Temos de mudar isso”, reclama a atleta, que diz não ter nada contra o técnico Vadão, que substituiu Emily Lima, técnica que dirigiu a seleção apenas 13 vezes, com sete vitórias, um empate e cinco derrotas. “Não deram chance para a Emily mostrar o seu trabalho, não esperaram o tempo adequado”, conclui a jogadora.
Mas, apesar das críticas à gestão da seleção brasileira, Maurine entende que o futebol feminino evoluiu no país desde a época em que começou a jogar no Grêmio. “Hoje os campeonatos são mais organizados, a estrutura dos clubes melhorou bastante, há mais clubes e mais oportunidades para as mulheres.”
A jogadora santista alerta que o Brasil precisa renovar sua seleção e dar chance às jogadoras jovens. Isso é necessário para o país voltar a brigar por títulos, já que muitos adversários estão evoluindo rapidamente no futebol feminino. Cita como exemplo a Austrália, que tem obtido ótimos resultados nos últimos Mundiais e Olimpíadas. “Até alguns anos atrás, poucos conheciam o futebol feminino da Austrália, mas agora elas estão entre as melhores, encarando Estados Unidos, Alemanha, China e França.”
Maurine mora no alojamento do Santos e diz gostar muito da cidade. Ela só abandona a Baixada em alguns finais de semana para ver o noivo, Wellington, zagueiro que disputará o Campeonato Paulista de 2018 pelo Mirassol. “E o Mirassol está no grupo do Santos, que ironia”, diz a jogadora das Sereias da Vila. Ela conta que não é fácil o relacionamento à distância, mas se resigna. “Nos vemos menos do que gostaríamos, mas isso só vai mudar quando eu parar. Faz parte da profissão que escolhemos”, afirma ela, que imagina jogar pelo menos mais quatro anos.
Neste final de temporada, Maurine tem cuidado de uma lesão no tendão de Aquiles direito que a afastou dos Jogos Abertos do Interior, em que as Sereias da Vila representaram a cidade. “Não é nada grave, mas preferimos tratar agora para eu voltar bem em 2018”, explica a atleta do Santos, que estará de férias entre 10 de dezembro e 10 de janeiro, período em que poderá matar as saudades do noivo e sonhar com conquistas para o próximo ano.
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