Imagem da inauguração do busto de Urbano Caldeira, em 1938 (Crédito: Reprodução)

Nascido em 9 de janeiro de 1890, Urbano Caldeira dedicou sua vida ao Santos Futebol Clube. Foi jogador, técnico e dirigente, chegando até a cuidar do gramado da Vila Belmiro. Ele faleceu em 1933, vítima de pneumonia. Dias após o falecimento, o estádio ganhou o nome Urbano Caldeira.

Em 1938, ficou instituído que 9 de janeiro seria sempre lembrado como Dia de Urbano Caldeira. Naquela ocasião, durante a cerimônia de inauguração de um busto em homenagem a Urbano, Araken Patusca, um dos maiores ídolos e artilheiros da história do Santos, colocou sobre o busto de seu antigo treinador a medalha de campeão paulista de 1935, primeiro grande título do Peixe, e escreveu o seguinte texto:

“Urbano!Giba! – Hoje, no teu Clube, no teu Estádio, inaugura-se a tua herma, homenagem justa e merecida pela tua obra, criando no esporte santista, paulista e brasileiro e, mesmo, sul-americano, o Campeão da Técnica e da Disciplina.

Teu companheiro desde os mais ingratos aos mais auspiciosos momentos, sou uma prova viva das tuas atividades no seio da família Alvinegra.

Urbano, nasci para o esporte das tuas mãos experientes e sábias; tu fizeste do menino, aos 15 anos, um esforçado entusiasta defensor das cores preto e branca.

Orgulho-me de ter sido nas tuas mãos, na tua vida esportiva, um instrumento de algum proveito, de alguma utilidade.

Urbano, tu me deste um nome no esporte do mundo: ARAKEN!

Junto, lutamos para a tua aspiração máxima “Dar a César o que é de César” se por ti nos deram o título de Campeões Paulistas de Futebol, o teu grande sonho.

Nossos esforços veriam várias vezes quase premiados, por diversos fatores independentes das nossas vontades, iguais a tua, não foram em tua vida satisfeitos.

Mas…Urbano, o teu aluno, o teu meia esquerda, aquele a quem iniciaste no esporte, tem uma satisfação imensa, a máxima de sua vida esportiva. Aquilo que tanto almejaste em vida, foi, após tantos anos, conseguido, o teu Santos Football Club é o Campeão Paulista de 1935!

No quadro que vestia a camiseta bi-color, um único remanescente de teu futebol figurou: EU!

Consegui para o Santos, para mim, para nós, aquilo que desde 1922 procurávamos.

E hoje, como sempre, o mesmo Santos de Urbano, Ary, Millon, Alfredo e outros, vive no meu coração.

Como único remanescente do esporte pátrio dos teus tempos, julgo-me no direito de transformar os planos do Santos FC na cerimônia de hoje.

Peço-te, Urbano, com o coração transbordando de alegria, que aceites esta medalha: a medalha de Campeão Paulista de 1935, pelo Santos FC.

É o menino que em 1922 iniciaste que tem o orgulho de oferecê-la, ganha em 1935, quando já era veterano e quase afastado das lides esportivas…

Salve Urbano! Caro Urbano! Grande Campeão!”