O vice-presidente do Santos, Orlando Rollo, rompeu com Peres logo no primeiro ano de gestão (Crédito: Santos FC)

Na série de Lives sobre o Futuro do Santos, o vice-presidente Orlando Rollo foi o entrevistado desta quarta-feira. Ele explicou as brigas com o presidente José Carlos Peres, afirmou que não será candidato nas eleições deste ano e deu suas posições sobre os caminhos para o clube.

“Muita coisa não acontece no Santos por falta de vontade política. Existe uma máquina enorme que já é feita para não funcionar tamanha a burocracia. Se você não tiver vontade política para implantar suas ideias nenhum planejamento vai para a frente”, afirmou Rollo.

Nesta quinta-feira, a série continua com o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Vamos abordar quais os exemplos do modelo adotado pelo clube carioca que podem ser interessantes para o Santos. Na sexta, o convidado será o vice-presidente de comunicação do Orlando City, Diogo Kotscho.

Confira os principais pontos da entrevista com Orlando Rollo:

MODELO DE GESTÃO

“É só cumprir o Estatuto do clube. Antes de começar a estudar a parte de gestão do esporte, eu achava que a melhor maneira de gerir o clube era a forma presidencialista. Depois que comecei a estudar os modelos de gestão, as práticas de governança corporativa, eu vi que estava errado, não tenho vergonha de falar. O problema da administração do Santos está nas pessoas, não no modelo de gestão.

Se o estatuto estivesse sendo seguido, seguindo as orientações do Comitê de Gestão, o Santos estaria muito bem administrativamente. O nosso primeiro Comitê de Gestão era espelho, um exemplo, mas o Peres não aceitava nenhuma determinação do Comitê de Gestão.

O Peres não tem experiência de nada. Me desculpe os pequenos comerciantes de quitanda, mas o Peres não sabe administrar uma quitanda. Imagina um clube com a grandiosidade do Santos Futebol Clube. Foi com esses atos que a gestão começou a se perder”

MARKETING

O Santos precisa de um forte departamento de marketing, o que não acontece hoje. Não adianta o departamento de marketing ficar fechado na sua sala na Vila ou no Business Center esperando o patrocinador chegar, tem de ir para o mercado prospectar. É trabalho.

O Santos tem um nome muito forte no mercado, mas precisa prospectar. Tive a oportunidade de tentar trazer alguns parceiros. Eu tinha trazido para o basquete, através do Jamelli, uma grande seguradora, que montaria um time de basquete para o NBB. Eu tinha conseguido com o prefeito a liberação da Arena Santos. Não teria custo para o clube. O José Carlos Peres vetou a iniciativa. Com a negativa dele, o São Paulo ficou com a vaga.

Fui procurado por montadoras de veículos, fizemos reuniões para acertar com o Peres, mas o Peres vetou porque o empresário, o Luizinho, tinha apoiado outro candidato na eleição, o Modesto Roma. Tenho tudo documentado. Ele (Luizinho) trouxe o representante de uma agência de publicidade que tinha contas de grandes montadoras como Ford, Hyundai e uma grande revendedora, a Caoa, que demonstraram interesse. A gente estava negociando por um valor superior ao da Caixa. Acho que um valor de patrocínio máster do Santos deveria ser, no mínimo, R$ 12 milhões por ano.

Sobre os bancos digitais, o Peres e o seu departamento de marketing viram uma série de problemas. O Flamengo fechou com uma grande parceria com um banco digital e propiciou muitos recursos ao clube no Rio de Janeiro. Um banco digital que tenha credibilidade e lastro financeiro é bem-vindo.

SÓCIO-TORCEDOR

O Santos precisa oferecer vantagens para o seu sócio. O associado precisa perceber que está participando da vida do clube. Você precisa ter uma rede de vantagens bem estruturada, com premiação, brindes, dar retorno para o associado que vai mais ao jogo. É uma rede de planejamento que precisa ser elaborada. Os associados que moram longe precisam ser privilegiados, melhorando a estrutura das Embaixadas. Precisamos criar sedes físicas para as Embaixadas.

Temos de levar a equipe master do Santos Futebol Clube, que é um projeto que eu tentei implantar no começo da gestão. Tem de levar esse time para excursionar pelo Brasil para atrair os associados. Fizemos apenas uma partida na Vila Belmiro e sofremos mais um boicote do presidente José Carlos Peres.

VOTO À DISTÂNCIA

Sou favorável ao voto à distância, foi uma das nossas grandes bandeira. O sócio de Maringá, de Londrina, de Rio Branco no Acre, é tão sócio quanto o sócio que mora em Santos ou São Paulo. Evidentemente que o banco cadastral do Santos não oferece segurança. Veio de várias terceirizações, de várias gestões, se o Santos trouxer esse banco cadastral para administração própria é mais viável. Nunca entendi essa terceirização de banco cadastral. A maneira mais segura é o Santos administrar seus recursos.

ARENA

O Santos tem receita zero de Matchday. O Peres tentou fazer Matchday no Pacaembu que foram fiascos. Eu sou favorável a fazer 50% dos jogos na Vila Belmiro e 50% dos jogos em São Paulo, preferencialmente no Pacaembu. Se houvesse esse rodízio de maneira inteligente aliviaria o bolso do torcedor. Tem jogo que o Santos precisa jogar na Vila, tem jogo que é melhor jogar no Pacaembu. Depende do campeonato, do adversário, de como está o adversário.