O conselheiro Rodrigo Marino participou de live nesta terça (Crédito: Reprodução)

O entrevistado desta segunda-feira na série de lives sobre o futuro do Santos foi o conselheiro Rodrigo Marino, membro das comissões que acompanharam a limpeza do cadastro de sócios do clube e o destino da receita da venda do atacante Rodrygo ao Real Madrid.

“O que a gente vai ver do Santos nos próximos dez anos está diretamente ligado ao que vai acontecer nos próximos três anos. Não podemos errar”, afirmou Rodrigo Marino.

Nesta quarta-feira, a série de lives será com Fernando Silva, consultor do Santos entre 2010 e 2011. A live acontecerá às 20h30min, em nosso canal no Youtube. Confira os principais trechos da entrevista com Rodrigo Marino:

Direitos de TV

O Santos sofre na relação com a principal emissora não é de hoje. Precisa estar claro na cabeça dos dirigentes um poder de negociação, é muitas vezes dar um passo atrás para depois dar dois passos para a frente, restabelecer uma boa política entre as duas partes. Claro que não vamos igualar os valores de quem tem três vezes mais número de torcedores, mas que a gente possa conseguir melhorar esses valores.


Marketing

O Santos tem problema com o fornecedor de material esportivo desde outras gestões. O clube teve um contrato com a Nike, via Netshoes, que estava amarrado ao término da última gestão. A distribuição era muito difícil. Era um contrato muito nocivo. Eu estava na diretoria no início da gestão do Modesto Roma, acompanhei essas conversas e existia uma brecha para esse contrato. Criou-se um projeto de o Santos ter uma marca própria, até cumprir a carência que havia no contrato com a Nike. Estive com o presidente na Itália, conheci a Kappa, mas quando voltamos ao Brasil o presidente me tirou nas negociações. O problema continua hoje com a Umbro. O contrato é melhor, mas o problema de distribuição de material continua. Temos poucos produtos, pouca variedade, a parte de licenciamento de produtos é pouco explorada. Não encontra uma linha infantil, não encontra uma linha casual.

Desde a Caixa não temos um patrocinador. A diretoria do Santos entende que o clube tem um valor X e que não pode vender por uma valor menor porque desvaloriza a marca Santos. Eu não concordo com isso. O mundo está mudando, não é a marca que está desvalorizando. As empresas encontraram outras maneiras de divulgar a sua marca, o seu nome.  O Santos vive nos últimos tempos muito mais nas páginas policiais e judiciais do que nas páginas esportivas levantando Taças. As empresas pensam muito antes de agregar seu nome ao Santos porque cada escândalo que aparecer nas páginas policiais, de atraso de salário, de processo trabalhista vai também levar o nome dela ao clube. Por isso elas apostaram em outros tipos de marketing. O clube precisa retomar a credibilidade, arrumar a casa, parar de figurar nas páginas policiais e figurar nas páginas esportivas. Tem de transformar o Santos em uma marca que agrega valor ao patrocinador. Não adianta esperar um patrocínio de R$ 20 milhões agora que não vai ter.

Sócios

O apelo do programa de sócios do Santos é a compra de ingresso com desconto, mas para comprar ingresso com desconto você tem muitas outras maneiras com o lance da meia-entrada. O sócio precisa ser tratado como cliente, você precisa oferecer benefícios. Existe uma categoria de sócio, a black, que custa R$ 145 por mês. Esse associado dá R$ 2 mil para o clube para o ano e ele não recebe uma camisa do clube. O sócio precisa ter retorno do que está investindo.

Voto à distância

Eu sou favorável, só para deixar claro, mas o Santos hoje não tem 100% de confiabilidade no seu cadastro de sócio. Nós fizemos um trabalho em conjunto com a secretaria e nós encontramos uma série de desvios. Criaram um rótulo de que o Conselho não quer o voto à distância e não é verdade. A única coisa que o Conselho quer é que seja feita uma auditoria externa na base de sócios. Organizar o voto à distância não é difícil. O valor dessa auditoria não é um valor importante para o clube. Ainda dá tempo de fazer para a eleição desse ano. Sem a realização da auditoria, acho pouco provável que o Conselho aprove.

Estádio

A gente precisa ter os pés-no-chão, Deve fechar o ano com uma dívida entre R$ 450 e R$ 550 milhões. O clube que tem mais de meio bilhão de reais em dívida não pode pensar em construir estádio, comprar estádio, fazer retrofit. De onde vai tirar recursos para fazer o retrofit. O projeto apresentado é uma coisa maravilhosa, mas o custo é R$ 250 milhões. Como o Santos vai arrumar R$ 250 milhões? Ah, vamos fazer uma parceria. As parcerias de Corinthians e Palmeiras não foram as melhores para os clubes. Eles criaram uma receita de matchday boa, mas eles tem comportamento de torcida diferente do Santos. Historicamente o Santos não tem um comportamento de torcida tão forte como os rivais.

CT

A gente solicitou para a diretoria a aplicação de 10% da segunda parcela da venda do Rodrygo para a construção de melhorias para a estrutura das categorias de base. A academia que desenvolve as joias do Santos perde para uma academia de bairro. Se a gente aplicasse R$ 10 milhões poderia ter uma estrutura totalmente adequada, que a gente não formaria um Rodrygo, formaria cinco, seis, oito. Resolveria muito dos problemas.

Eu acredito que a estrutura das categorias de base poderia ser construída no CT Rei Pelé. Tenho o projeto da construção de 2 mil metros para juntar toda a base em um local só e ter uma estrutura de primeiro mundo, que pudesse desenvolver os atletas de uma maneira mais profissional.

Confira a íntegra da entrevista: