Pedro Luiz Nunes Conceição foi diretor de futebol do Santos entre 2010 e 2011 (Crédito: Ricardo Saibun/SantosFC)

Na última segunda-feira, na série de Lives sobre O Futuro do Santos, o nosso entrevistado foi Pedro Luiz Nunes Conceição, diretor de futebol do Peixe entre 2010 e 2011 e ex-membro do Comitê de Gestão. Na Live, ele lamentou a situação política do clube e pediu uma reforma no modelo do Conselho Deliberativo.

“O minha torcida é que o próximo presidente do clube prometa apenas três coisas: sanear o clube financeiramente para recuperar a credibilidade no mercado, preparar o clube para virar empresa e uma proposta de mudança de estatuto, sendo a principal mudança a redução de 300 para 30 conselheiros, no máximo. O resto é consequência de uma gestão enxuta e que tenha como princípio sanear o clube financeiramente”, afirmou Pedro.

A série de Lives recomeça nesta quarta-feira com o executivo de futebol, Paulo de Carvalho, que já foi gerente das categorias de base do Peixe. Na quinta nós teremos a Live com Marcelo Sant’Ana, ex-presidente do Bahia, para analisarmos o case do clube nordestino. Na sexta a Live será com Gustavo Silikovich, ex-gerente geral do River Plate, clube que ganhou 10 títulos importantes em sua gestão.

Confira os principais pontos da entrevistas com Pedro Luiz Nunes Conceição:

MODELO POLÍTICO

O Conselho Deliberativo é um show de horrores e eu fui um dos protagonistas desse show de horror. Todo mundo no Conselho entende de marketing, de gestão, de finanças, entendem de futebol, e todas as diretorias que assumem são egressas de dentro do Conselho.

Nunca houve uma proposta de Estatuto para diminuir o número de conselheiros para 30, por exemplo. Precisa de uma nova proposta para enxugar o Conselho, para ela ser votada pelos conselheiros e depois ser votada pelos sócios em uma assembleia geral. Nessas hora a gente vai poder ver se os conselheiros são desapegados dos seus cargos, se eles defendem a renovação dos quadros do clube. Eu acho que isso é fundamental.

CLUBE-EMPRESA

Vamos acompanhar o processo de clube-empresa no Congresso para que o clube já se prepare. Eu sou a favor do modelo de clube-empresa. O modelo associativo do jeito que o Santos tem hoje já se mostrou totalmente falido.

Todos os gestores do Santos são amadores, inclusive eu que passei por lá. Falta humildade para esses gestores que saem de dentro do Conselho Deliberativo para reconhecer os erros cometidos. E falta capacidade de lembrar que ele precisa ser um estadista que deixe um legado não para o sucessor, mas para o Santos Futebol Clube.

DÍVIDAS

Fundamentalmente, a receita é a mesma de todos. Diminuir drasticamente as despesas, renegociar todo o passivo do clube permitindo que o Santos ganhe no fluxo de caixa e comece a passar credibilidade para o mercado. Tenha uma ajuste fino na formação do elenco, da comissão técnica, e fique focado nas categorias de base, que é um ativo reconhecido pelo mercado. Não tem milagre.

RELAÇÃO COM O TORCEDOR

Precisamos conhecer o nosso torcedor. Nós temos o número da massa, onde ela está localizada, mas efetivamente a gente precisa conhecer melhor o torcedor. Precisa vender credibilidade para o torcedor, com ações concretas de aproximação.

O programa de sócios do Santos é muito inconstante porque a cada gestão que entra você tem uma mudança na empresa que faz a administração, tem mudança na política de bonificação e você não tem algo atraente para o associado. Uma coisa que sempre nos faltou é a fidelização no que diz respeito à prioridade na compra de ingressos.

A questão da experiência do torcedor no Matchday. Depende de um planejamento, de um entendimento de como é esse torcedor e como cativar esse torcedor.

ARENA

Sem dúvida alguma o Santos não pode, nesse momento, pensar em estádio. Eu questiono quando dizem que o Santos perdeu a oportunidade de construir a sua Arena há alguns anos. Não podemos esquecer que tivemos modelos de construção de Arena que foram benéficos e outros que custaram muito caro para o clube.

Esse dilema de jogar em Santos e São Paulo, eu penso que o Santos precisa fazer 50% dos jogos em casa cidade, de forma previamente decidida.

Mas, acima de tudo, o Santos precisa buscar uma solução.

Tenho minhas dúvidas sobre o Retrofit da Vila, não sei se seria possível pelo entorno. Em São Paulo, além do Pacaembu, sempre tive uma simpatia pelo Canindé, o Santos sempre atraiu grandes públicos, a localização é espetacular.

VOTO À DISTÂNCIA

O voto à distância é o melhor exemplo do desserviço que o Conselho Deliberativo presta ao clube. Todo mundo que vocês entrevistaram é a favor do voto à distância, mas ninguém responde porque ainda não temos o voto à distância.

É triste. O voto à distância foi aprovado em dezembro de 2011 na mudança do Estatuto. Desde 2012 o Conselho não adotou uma providência para viabilizar o voto à distância. Passamos pela eleição de 2014, passamos pela de 2017, vamos entrar na de 2020 e, de novo, tudo indica que não teremos voto à distância.