O Conselho Deliberativo do Santos tem encontro marcado para a noite desta segunda-feira, às 19h30min, na Vila Belmiro, para analisar e votar o parecer do Conselho Fiscal sobre as contas do clube em 2018. O parecer do CF pede a reprovação das contas do presidente José Carlos Peres e a tendência é pela reprovação em plenário.
No entanto, apesar de ser uma possibilidade estatutária, conselheiros ouvidos pelo DIÁRIO não acreditam em um novo pedido de impeachment do presidente. A análise é que o último processo desgastou muito o clube e o próprio conselho e muitos entendem que não há clima para um novo pedido.
Confira os principais pontos do relatório do Conselho Fiscal:
– O comparativo entre Orçado (R$ 325.125.150,50) x Realizado (R$ 217.777.186,46) demonstrou grandes divergências que afrontam dispositivos estatutários, agravado pelo fato de que mesmo tendo ciência das urgentes correções, não ocorreu nenhum pedido de remanejamento de verbas ou suplementação, incapacitando os conselheiros e associados de saber a situação das finanças do clube e acompanhar os gastos feitos pela gestão. No entendimento do Conselho Fiscal, os artigos 64º (letra J – Item IV) e 82º foram desrespeitados.
(Nota do Diário: Nenhum valor da negociação do atacante Rodrygo ao Real Madrid entrou no balanço. O valor total será contabilizado em 2019)
– O déficit do Santos no ano foi de R$ 77 milhões, fora dos limites estabelecidos pelo Profut (que é de 10% da receita bruta do ano anterior. Neste caso, o déficit foi de 26,9% da receita bruta de 2017).
– O endividamento do Santos no ano foi de R$ 12.103.734,33, dentro dos limites orçamentários (que é de 10% da receita orçada).
– O Santos teve um aumento no número de funcionários em 2018 e, consequentemente, um aumento também nos gastos com colaboradores. O Santos tinha em 31 de dezembro 436 colaboradores em regime de CLT e 28 como PJ. O clube gastou R$ 7,7 milhões com rescisões trabalhistas em 2018 (demissões).
– O clube pagou apenas uma parte da parcela do acordo com a Doyen no valor de 2,5 milhões de euros. Para completar o pagamento, o Peixe ofereceu uma parte do valor do mecanismo de solidariedade da venda de Felipe Anderson ao West Ham. O Conselho Fiscal alega que esse tipo de transação é vetado pela Fifa (TPO).
– O Santos teve uma receita de R$ 2.715.481,00 com licenciamentos.
– Em 31 de dezembro o Santos não havia recolhido R$ 14 milhões de impostos referentes apenas ao exercício de 2018. Quando o parecer foi elaborado, em abril, ainda haviam R$ 4 milhões em aberto.
– O déficit acumulado passou de R$ 258 milhões para R$ 302 milhões.
– O Santos seguiu com a prática do uso do cartão corporativo para despesas que podem estar em desacordo com as atividades do clube (supermercados, farmácias e lojas de artigos de vestuário feminino), todos com valores expressivos.
– O Peixe gastou R$ 31 em despesas para jogar com o Monterrey, no México. Não havia contrapartida financeira no acordo. Existia a previsão de uma partida amistosa no Brasil, que ainda não foi realizada. Contra o Querétaro, a cota do amistoso foi de US$ 100 mil, mas o Santos ainda não recebeu US$ 25 mil.
– Os empréstimos bancários foram reduzidos de R$ 17 milhões para R$ 12 milhões
O parecer final do Conselho Fiscal pede a reprovação das contas. Confira o texto.
“Diante do exposto, embasados pelo Parecer Final da MACSO LEGATE AUDITORES INDEPENDENTES e pelos demonstrativos contábeis e financeiros por nós analisados, com base no Estatuto Social, artigo 73 e artigo 93, parágrafo 6º, letra C, de forma unânime de seus membros, este Conselho Fiscal entende que o relatado, ao nosso ver, impedem a aprovação das contas do Balanço Patrimonial encerrado em 31 de dezembro de 2018 e recomenda a reprovação pelos ilustres membros do Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube”.
Ainda tem gente que diz que Perez está pagando as dúvidas