Modesto Roma Jr foi presidente entre 2015 e 2017 (Crédito: Santos FC)

O Santos concluiu na semana passada o pagamento da última parcela do acordo com a FK Sports, no total de R$ 4,9 milhões (R$ 4,4 milhões para a FK e R$ 456 mil para o escritório que auxiliou a companhia) sobre a polêmica intermediação da busca pelo mecanismo de solidariedade na transferência de Neymar para o PSG.

O acordo foi assinado no final de 2020.  A empresa que teria feito o serviço a pedido da administração Modesto Roma Junior foi a Quantum Solution, empresa com sede em Malta e que posteriormente repassou o crédito para a FK Sports.

Segundo o anexo do parecer do Conselho Fiscal sobre as contas de 2020, o acordo reconheceu o valor total atualizado da dívida pleiteada pela FK Sports, com multa de 30% em caso de descumprimento, e ainda exigiu que o Santos renunciasse a uma ação contra o ex-presidente Modesto Roma Junior e a todos os recursos disponíveis sobre o caso.

O caso foi analisado pelo Conselho Deliberativo no triênio 2018-2020 devido a uma denúncia do então funcionário do Departamento Jurídico do clube, José Ricardo Tremura. Segundo ele, o então assessor da Presidência, Moacyr Roma, sobrinho de Modesto Roma Junior, solicitou a assinatura de um contrato e uma confissão de dívida com a Quantum com datas retroativas.

Em diversas reuniões do Conselho Deliberativo sobre o tema, questionou-se a participação efetiva da Quantum no recebimento do mecanismo de solidariedade. Três motivos principais levantaram o debate: 1) o Santos tinha direito ao valor recebido e o próprio atleta Neymar Junior pediu que o PSG efetuasse o pagamento de forma facilitada; 2) os responsáveis pela Quantum nunca foram encontrados por representantes do Conselho Deliberativo para prestarem esclarecimentos; 3) a Quantum ser localizada em paraíso fiscal.

Membros do Departamento Jurídico do Santos disseram ao Conselho Fiscal ter desaconselhado o ex-presidente Orlando Rollo a assinar o acordo por não trazer vantagens ao clube. Até o momento do acordo, o valor da ação estava depositado em juízo, sem qualquer julgamento favorável a qualquer das partes.

O Conselho Fiscal solicitou que o acordo fosse encaminhado à Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS), como parte da análise das contas de 2020. No momento, processo está seguindo de acordo com os prazos estatutários.