Por Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, especial para o DIÁRIO DO PEIXE
No Santos, lateral-direito joga com a camisa 4. É tradição! E no Peixe eles não só defendem, mas atacam e marcam gols históricos.
Os pesquisadores Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, que escrevem os textos Jogos para sempre e Lendas da Vila para o DIÁRIO DO PEIXE, selecionaram os cinco melhores alas que atuaram na direita com a camisa alvinegra.
1 – Lima
Lima acumula alguns feitos com a camisa do Santos. Além de ter entrado em campo por 692 vezes com o manto alvinegro e conquistado todos os títulos possíveis pelo clube, o Curinga da Vila atuou em absolutamente todas as posições de linha com imensa competência. Começou a carreira como volante, passou a lateral-direito, posição na qual atuou mais vezes.
O Santos comprou Lima junto ao Juventus por 5,5 milhões em 1961 para reforçar a equipe que já era considerada a melhor do país, mas sua estreia não foi do jeito que gostaria: derrota por 5 a 1 para o Flamengo pelo Torneio Rio-São Paulo. Coube ao técnico Lula saber explorar a versatilidade de seu atleta que já era moderno o suficiente nos tempos em que o futebol não exigia tal sofisticação. O experiente treinador sabia onde Lima renderia mais e por vezes alternou sua posição, como no histórico jogo que rendeu o primeiro título mundial ao Santos, contra o Benfica, em Lisboa, quando Lima atuou no meio de campo.
Lima anotou 65 gols pelo Peixe, sendo alguns deles de extrema importância. O Curinga marcou o gol da histórica virada contra o Milan no segundo jogo da final do Mundial de 1963, no Maracanã. Lima também balançou as redes na primeira partida da final da Libertadores contra o Boca Juniors, meses antes do embate frente aos italianos.
Lima também é o responsável pelo primeiro gol santista na história da Libertadores, no dia 18 de fevereiro de 1962, na vitória por 4 a 3 frente ao Deportivo Municipal, em plena altitude de La Paz, na Bolívia. Seu último jogo pelo Santos foi contra o Corinthians, em 1971, no empate por 1 a 1 com gols de Pelé e Rivelino.
Na sequência de sua carreira, Lima jogou dois anos pelo Deportivo Jalisco, do México, Fluminense, Tampa Bay Rowdies na Liga Indoor, uma espécie de showbol. Aos 33 anos, Lima retornou a Santos, desta vez para defender as cores da Portuguesa, onde encerrou sua carreira como jogador e iniciou o ofício de técnico. Atualmente Lima é coordenador das categorias de base do Santos e trabalhou diretamente na revelação de talentos como Robinho e Neymar, por exemplo.
2 – Carlos Alberto Torres
Foram 10 anos envergando a camisa do Santos Futebol Clube. Carlos Alberto Torres fez história com a camisa do Peixe com sua seriedade e elegância e ajudou o time a continuar no topo do futebol brasileiro por anos.
Considerado por muitos o melhor lateral direito de todos os tempos, Carlos Alberto iniciou sua carreira pelo Fluminense já com muito destaque. Foi campeão pan-americano pela seleção brasileira em 1963 e venceu o Carioca pelo clube das Laranjeiras no ano seguinte. Em abril de 1965, o Santos desembolsou 200 milhões de Cruzeiros pela sua contratação.
Logo na estreia balançou as redes na goleada por 9 a 4 em amistoso contra o Remo, em Belém (PA). Pelo Alvinegro, o Capita conquistou cinco Paulistas, um Rio-São Paulo, dois Brasileiros, uma Recopa Sul-Americana, uma Recopa Mundial, além de outras taças. Seja como lateral ou zagueiro, atuou 445 vezes pelo Peixe e marcou 40 gols. Teve um breve hiato com a camisa do Santos quando foi emprestado ao Botafogo no final de 1970. Meses antes foi um dos ícones da histórica Seleção Brasileira que conquistou o tricampeonato mundial no México. Aos 26 anos era o capitão de um time que contava com Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão, entre outros e levantou a taça Jules Rimet.
Ficou por um ano no rival carioca e retornou para assumir um posto na zaga santista. Carlos Alberto esteve em campo na final de 1973 quando o Santos dividiu o título com a Portuguesa devido a um erro de contagem do árbitro Armando Marques nas cobranças de pênalti. Aliás, o Capita converteu sua cobrança, exímio batedor que era.
Sua última apresentação pelo Peixe foi na vitória de 1 a 0 contra a Portuguesa pelo Paulistão de 1975. Voltou ao Fluminense e fez parte da chamada Máquina Tricolor, bicampeã carioca em 1975 e 1976. No ano seguinte foi para o Flamengo e na sequência foi defender o Cosmos, de Nova Iorque, a convite do amigo Pelé. Nos Estados Unidos também defendeu o California Surf e voltou ao Cosmos para encerrar a carreira.
3 – Ramiro
Paulistano de nascimento, Ramiro Rodrigues Valente ainda pequeno mudou-se para Santos, onde criou-se e deu seus primeiros passos no futebol. Junto ao irmão, Álvaro, começou a carreira no Jabaquara, clube da colônia espanhola na Baixada Santista. Em 1952, já com 19 anos, estreou na equipe principal do Leão do Macuco com certo destaque. Enquanto Álvaro foi contratado pelo Peixe, Ramiro seguiu para o Rio de Janeiro, onde atuou pelo Fluminense.
Em 1955, chegou ao Santos para um período de testes e ficou de vez. Atuava como meio-campista, porém firmou-se na posição de lateral-direito (ou médio direito, como diziam à época). Estreou com a camisa alvinegra em 19 de maio de 1955 em vitória sobre o Catanduva por 6 a 2, em amistoso.
O “Draga”, como foi apelidado pelos colegas de time, ganhou a posição de titular e logo tornou-se um dos líderes do grupo. Sua postura combativa e orientadora conferiram-lhe o posto de capitão da equipe por muitos anos. Foi fundamental na conquista do título paulista de 1955, o primeiro do clube depois de vinte anos. Fez parte do grande time que empilhou troféus em sequência: foram mais dois títulos estaduais, um Rio-São Paulo e as primeiras conquistas internacionais do clube, com destaque para o Torneio Internacional Roberto Gomes Pedrosa, de 1956, e o Troféu Teresa Herrera, de 1959.
As boas apresentações em solo europeu, quando o Santos lá jogou em 1959, fizeram com que os dirigentes do Atlético de Madrid formalizassem proposta por Ramiro e também pelo irmão Álvaro. Na Espanha, chegou a ser capitão dos colchoneros, onde atuou até 1965. Pelo Peixe, foram 248 jogos, dois gols e inúmeras alegrias para o torcedor santista. Aposentado, trabalhou como representante do Santos no Rio de Janeiro, onde estabeleceu residência, e em 1991 teve passagem curta como técnico do time.
4 – Ismael
Pouco lembrado pela torcida santista, Ismael teve papel preponderante no bicampeonato mundial conquistado contra o Milan, em 1963. Lateral-direito e zagueiro, Ismael disputou 91 partidas e se entregou de corpo e alma para aquela equipe que marcou história no futebol mundial.
Sua estreia pelo Peixe foi em goleada por 5 a 2 contra o freguês Corinthians, pelo Paulistão de 1962. Em novembro do mesmo ano, apenas dois meses após estrear, contundiu seriamente o joelho contra a Ferroviária em Araraquara e ficou até setembro de 1963 parado.
Aos poucos foi se recondicionando e se agigantou nos dois confrontos contra o Milan, no Maracanã. Com Lima deslocado para o lugar de Zito no meio, coube a Ismael ajudar a anular a linha ofensiva adversária que contava com nomes como Mazzola e Amarildo.
Ismael acabou expulso no ainda no primeiro tempo do terceiro jogo da final ao dar uma cabeçada em Amarildo, mas enquanto esteve em campo deu conta do recado e ajudou o Peixe a levantar a taça de bicampeão mundial. Com a camisa 4 do Santos, Ismael foi três vezes campeão paulista, duas vezes do Rio-São Paulo, quatro vezes da Taça Brasil (Campeonato Brasileiro da época), além de duas vezes da Libertadores e Mundial.
Com a chegada de Carlos Alberto, acabou perdendo espaço e fez sua última partida com a camisa alvinegra em 1965, coincidentemente também contra o Corinthians em empate por 4 a 4 pelo Rio-São Paulo.
Ismael começou sua carreira no Palmeiras, em 1956. Após dois anos no time da capital foi emprestado ao XV de Piracicaba. Mas foi jogando pela Ferroviária que chamou a atenção dos dirigentes e comissão técnica do Santos. Após sair do Peixe, Ismael atuou por Fluminense, como uma das formas de compensação pela contratação de Carlos Alberto, São Paulo, Prudentina e Coritiba.
5 – Danilo
A trajetória de Danilo em Vila Belmiro não foi tão longa, porém o suficiente para deixá-lo marcado na história do Santos. Foi ele que, aos 23 minutos do segundo tempo, marcou o segundo gol do Peixe na final diante do Peñarol, que garantiu o tricampeonato da Libertadores. Além de marcar na decisão, Danilo foi autor de outro importante gol na campanha vitoriosa de 2011: diante do Cerro Porteño, ainda pela primeira fase, quando o time corria sério risco de desclassificação precoce.
Nascido em Bicas (MG), em 15 de julho de 1991, Danilo Luiz da Silva chegou ao Peixe aos 19 anos, proveniente do América Mineiro. Havia acabado de ser considerado a revelação do Campeonato Mineiro de 2010. Em Santos, firmou-se na equipe titular rapidamente, jogando em algumas oportunidades como volante. Polivalente, aliava boa qualidade técnica, velocidade e muita resistência.
Em 2011, consolidou-se como grande jogador. Com a Seleção Brasileira sub-20, conquistou o título sul-americano e mundial da categoria. Com o Peixe, levantou o caneco do Paulistão e da Copa Libertadores. O sucesso abriu-lhe as portas ao futebol europeu e seguiu, em 2012, para jogar no Porto, de Portugal. Jogaria, ainda, nos gigantes Real Madrid, Manchester City e Juventus.
Pelo Alvinegro Praiano, Danilo disputou 78 partidas entre 2010 e 2011, com dez gols marcados neste período. Estreou em 09 de julho de 2010, em amistoso diante do XV de Piracicaba, empate sem gols. O pouco tempo em Santos não foi impeditivo para que ficasse entre os melhores laterais direitos da história do clube. O gol marcado diante do Peñarol, um toque chapado com o pé esquerdo, jamais sairá da memória daqueles que puderam, enfim, ver o Peixe campeão sul-americano novamente.
Sou Catarina Matos, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.
Santos do coração